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Publicado em 10 de março de 2025
O Antagonista

A antecipação do debate eleitoral de 2026 já movimenta o mercado financeiro. O banco Santander calcula que o Ibovespa pode saltar até 45% caso o Brasil sinalize uma mudança de governo para uma administração mais favorável ao setor produtivo.

Se esse cenário se concretizar, o principal índice da bolsa brasileira poderia atingir 185 mil pontos até o fim de 2025.

A projeção do banco leva em conta uma queda do juro real para 4,5% (atualmente em 7,5%), uma redução no custo de capital de 17% para 14% e um crescimento de 15% nos lucros das empresas listadas.

No cenário-base, sem alterações significativas no ambiente político, o Santander estima o Ibovespa em 145.219 pontos. Já em um contexto ainda mais otimista, o índice poderia chegar a 200 mil pontos.

Segundo matéria do jornal Valor, a estimativa do Santander reflete o crescente interesse dos investidores internacionais pelo Brasil.

Durante uma conferência realizada na semana passada em Nova York com 180 investidores estrangeiros, o banco percebeu uma preferência por uma mudança de governo, embora sem rejeição explícita ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eles ainda não estão se posicionando para a eleição, mas estão se preparando para isso”, afirmou Aline Cardoso, chefe de pesquisa e estratégia de ações do Santander.

Os investidores estrangeiros, por adotarem uma visão de longo prazo, já começam a considerar o cenário eleitoral de outubro de 2026 em suas decisões. Enquanto isso, o investidor local ainda monitora os efeitos de possíveis medidas expansionistas que possam ser adotadas para tentar conter a queda de popularidade do governo.

Caso o Brasil siga um caminho de maior intervenção estatal e menor compromisso com o equilíbrio fiscal, o Santander prevê um cenário pessimista para a bolsa, com o Ibovespa caindo para cerca de 117 mil pontos.

Por outro lado, a recuperação do interesse global por mercados emergentes ajudou a impulsionar o índice em janeiro, que registrou alta de 4,86%, impulsionada principalmente pela entrada de capital estrangeiro.

Outro fator relevante para o mercado brasileiro tem sido a mudança no cenário internacional, especialmente nos Estados Unidos. O governo de Donald Trump, ao contrário do que se esperava, não adotou medidas protecionistas agressivas, afastando temores de uma guerra comercial.

Além disso, a ascensão de novos competidores no setor de inteligência artificial, como o fenômeno DeepSeek, enfraqueceu a hegemonia das gigantes americanas de tecnologia, redirecionando parte dos investimentos para mercados fora dos EUA.

Diante desse novo ambiente, setores estratégicos como energia, utilities e financeiro se tornaram os favoritos dos estrangeiros.

Empresas com alta liquidez e sólida governança, como WEG, Itaú, Nubank e Embraer, estão entre as preferidas.

Atento a esse movimento, o Santander ampliou sua presença nos Estados Unidos em 2024, integrando sua operação global e contratando mais de 300 profissionais seniores para reforçar sua atuação no mercado de capitais.

A aposta do banco é que o Brasil, caso adote um caminho de responsabilidade fiscal e políticas pró-mercado, pode se tornar um destino ainda mais atraente para o investidor internacional.

Lula, Santander e a crise de 2014

A nova projeção do Santander sobre o Ibovespa lembra a crise de 2014, quando Lula criticou duramente o banco após a divulgação de um relatório alertando clientes sobre os riscos da reeleição de Dilma Rousseff para a economia.

O informe, assinado pela executiva Sinara Polycarpo Figueiredo, previa que uma vitória de Dilma poderia provocar desvalorização do real, alta dos juros e queda da bolsa.

Lula reagiu publicamente, exigindo que o banco “pedisse desculpas ao povo brasileiro” e insinuando que sua direção deveria “voltar para a Espanha e cuidar do Santander lá”. Diante da pressão, o Santander demitiu Sinara e divulgou uma nota minimizando o caso.

Sinara moveu uma ação trabalhista contra o Santander, alegando perseguição política e danos à sua imagem profissional. Em agosto de 2015, a Justiça do Trabalho de São Paulo determinou que o banco pagasse uma indenização de R$ 450 mil por danos morais à ex-funcionária. A juíza responsável pelo caso afirmou que o Santander foi “submisso às forças políticas ao demitir a reclamante”.

Em janeiro de 2016, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região manteve a decisão favorável a Sinara.

As previsões de Sinara sobre o segundo governo Dilma se mostraram corretas. O período foi marcado por uma grave crise econômica, resultado de políticas fiscais expansionistas, intervencionismo estatal e perda de confiança do mercado.

Em 2015, o PIB brasileiro encolheu 3,8%, seguido por uma nova queda de 3,6% em 2016, configurando a pior recessão da história do país até então. A inflação ultrapassou 10%, os juros dispararam, e o desemprego dobrou, atingindo mais de 12 milhões de pessoas.

O Brasil perdeu o grau de investimento das agências de risco, o que afastou investidores estrangeiros e encareceu ainda mais o crédito. O caos fiscal, impulsionado por subsídios bilionários e descontrole nas contas públicas, culminou no impeachment de Dilma em 2016, sob a acusação de crime de responsabilidade por manobras contábeis conhecidas como pedaladas fiscais.

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